Brasil Queimou 11 Milhões de Hectares entre Janeiro e Agosto: Relatório Aponta Focos em Florestas Públicas, Grandes Propriedades, Terras Indígenas e UCs
Chamas de incêndio florestal em uma área da Floresta Nacional de Brasília, no último dia 4 de setembro. — Foto: REUTERS/Adriano Machado |
O Brasil viu seu território arder em chamas como nunca antes entre janeiro e agosto de 2024. Um total de 11 milhões de hectares foi destruído pelo fogo, um cenário alarmante revelado pelo novo relatório do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da rede MapBiomas, divulgado em 27 de setembro de 2024.
Este incêndio devastador não poupa terras públicas, grandes propriedades, nem áreas protegidas como Unidades de Conservação (UCs) e Terras Indígenas (TIs). Dados que não só chocam pela magnitude, mas trazem à tona questões urgentes: Como estamos cuidando da Amazônia?
A Triste Realidade em Números
- 2,8 milhões de hectares foram queimados em grandes propriedades rurais, um aumento de 163% em comparação ao mesmo período de 2023.
- As Florestas Públicas Não Destinadas (FPNDs), que têm sido alvo crescente de grilagem, queimaram 870 mil hectares, 176% mais do que em 2023.
- Terras Indígenas somaram 3 milhões de hectares devastados pelo fogo, um acréscimo de 80%.
- Unidades de Conservação viram 1,1 milhão de hectares destruídos, com um aumento alarmante de 116%.
Esses números são impressionantes e trágicos, e mostram uma realidade cada vez mais preocupante: o fogo está consumindo as áreas protegidas da Amazônia e isso afeta diretamente não só os povos que vivem nessas regiões, mas todo o planeta.
O Impacto nas Florestas Nativas da Amazônia
Em agosto de 2024, um outro estudo do Ipam revelou que as queimadas em áreas de floresta nativa na Amazônia aumentaram 132%, comparado ao mesmo mês de 2023. 685.829 hectares de florestas nativas, intactas, foram consumidos pelas chamas em um único mês. Para efeito de comparação, esse número foi de 295.777 hectares no mesmo mês em 2023, e 207.259 hectares em 2019.
As queimadas, que antes eram predominantemente focadas em áreas agropecuárias, estão se espalhando para dentro das florestas ainda em pé. Em 2019, apenas 12% da área queimada era vegetação nativa. Em 2024, esse percentual saltou para 34%, o maior índice nos últimos cinco anos.
"As florestas estão se tornando inflamáveis, algo inimaginável para a Amazônia, que sempre foi uma floresta úmida. Esse é um sinal claro de que o clima está mudando e, infelizmente, aumentando a vulnerabilidade do bioma ao fogo," afirmou Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam.
O Alerta dos Especialistas
Especialistas alertam para uma mudança de cenário na região amazônica. Segundo a Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em uma sessão no Senado Federal, "A Amazônia está entrando em um processo de perda de umidade, o que a torna vulnerável a incêndios, seja por ignição humana ou, no futuro, por fenômenos naturais, como a incidência de raios."
As queimadas, antes associadas principalmente à pecuária e à agricultura, agora avançam sobre as florestas primárias. O impacto disso não é apenas local, mas global, afetando a biodiversidade, o equilíbrio climático e as condições de vida das comunidades indígenas e tradicionais, que há séculos habitam essas áreas.
Um Retrato Fundiário do Fogo
As Florestas Públicas Não Destinadas são o grupo que teve o maior aumento percentual de queimadas, com 175%. Em 2024, essas florestas queimaram 849.521 hectares, contra 308.570 hectares no mesmo período de 2023. Terras Indígenas foram responsáveis por 24% de todas as queimadas registradas no bioma Amazônia. E, comparando com 2023, o aumento foi de 39%.
Imóveis rurais privados também estão na mira, registrando 1.233.888 hectares queimados neste ano, o que representa um aumento de 77% em relação a 2023.
Pressão e Oportunidade
Os dados do relatório trazem à tona a necessidade urgente de políticas públicas eficazes para a gestão e proteção dos territórios, especialmente as terras públicas e áreas protegidas. A Amazônia não é apenas um bioma, é o pulmão do planeta, e sua preservação é fundamental para o futuro da humanidade.
O desafio que o Brasil enfrenta não é apenas ambiental, mas também econômico e social. As queimadas não afetam apenas a biodiversidade, mas o clima, o regime de chuvas e a qualidade de vida das populações que dependem da floresta para sobreviver.
Destaques:
- 11 milhões de hectares queimados no Brasil entre janeiro e agosto de 2024.
- Queimadas atingiram gravemente Terras Indígenas e Unidades de Conservação, com aumentos de 80% e 116%, respectivamente.
- O relatório reforça a necessidade de políticas de proteção para essas áreas essenciais.
- Seca e aumento das temperaturas tornam a Amazônia cada vez mais vulnerável ao fogo.
Créditos:
Texto baseado em dados e informações de Roberto Peixoto, publicado no g1, com relatório do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e da rede MapBiomas.
Principais tags: queimadas, Amazônia, terras indígenas, conservação ambiental, desmatamento, mudanças climáticas, floresta tropical, política ambiental.
Apple iPhone 16 Pro Max (256 GB) – Titânio natural |
Comentários
Postar um comentário