Estudo da UFRJ expõe impacto do negacionismo climático no YouTube

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O negacionismo climático vem ganhando espaço na internet, e plataformas como o YouTube desempenham um papel crucial na disseminação dessas ideias. Uma pesquisa realizada pelo Netlab da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) se debruçou sobre os comentários em vídeos que propagam teorias negacionistas, mostrando como os argumentos de falsos especialistas em clima repercutem e se propagam na audiência.


Breve resumo

O estudo conduzido pelo Netlab-UFRJ destacou a forma como vídeos negacionistas sobre mudanças climáticas no YouTube continuam a prosperar, mesmo após as políticas da plataforma que proíbem a monetização de conteúdos contrários ao consenso científico. Analisando os comentários, o estudo revelou um público majoritariamente favorável ao conteúdo negacionista, além de um aumento expressivo nas interações desde 2019, com ênfase durante o governo Bolsonaro. A pesquisa também explora o papel da falta de transparência nos algoritmos de recomendação do YouTube, levantando questões sobre a eficácia das medidas adotadas.


Como a pesquisa foi conduzida

Para realizar o estudo, o Netlab utilizou a ferramenta YouTube Data Tools, que permite a extração de dados sobre vídeos e comentários na plataforma. A equipe simulou a busca de um usuário por termos como "mudanças climáticas" e "aquecimento global" e, a partir de 500 vídeos selecionados, escolheu os 10 com mais comentários. Nesses vídeos, foram identificados argumentos de falsos especialistas que negam as bases científicas das mudanças climáticas, sendo os mais populares utilizados para uma análise mais aprofundada.


O impacto dos vídeos negacionistas nos comentários

Ao todo, 11.783 comentários foram analisados nos vídeos selecionados, com a aplicação de uma metodologia chamada "modelagem de tópicos". Essa técnica permitiu que os pesquisadores agrupassem palavras comuns e identificassem padrões entre os comentários, revelando a predominância de falas que corroboravam as teorias negacionistas apresentadas nos vídeos. Além disso, foram identificadas 69 URLs compartilhadas, sendo que 53,6% delas continham conteúdo que contradizia o negacionismo, demonstrando que, apesar da grande adesão aos vídeos, parte do público ainda busca fontes científicas confiáveis.


Tabela: Detalhes dos comentários analisados

Total de comentáriosTópicos identificadosURLs compartilhadas
11.7831669

Políticas do YouTube e sua eficácia

Desde outubro de 2021, o YouTube proíbe a monetização de conteúdos que contradizem o consenso científico sobre mudanças climáticas. No entanto, a pesquisa mostra que, mesmo com essas políticas, muitos vídeos continuam no ar e geram grande engajamento, levantando dúvidas sobre a eficácia das regras da plataforma. Além disso, houve um aumento significativo nas interações após 2019, período em que discursos negacionistas ganharam força no Brasil, particularmente durante o governo Bolsonaro.


Conclusões do estudo

O estudo do Netlab revela que o YouTube ainda não conseguiu eliminar completamente a disseminação de conteúdos negacionistas sobre mudanças climáticas, o que impacta diretamente a percepção da audiência. Os resultados sugerem uma rede que se retroalimenta, com usuários reforçando e expandindo as teorias conspiratórias promovidas pelos vídeos. Isso destaca a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa por parte da plataforma e uma maior transparência em seus algoritmos de recomendação.


Reflexões sobre o futuro do debate climático online

A pesquisa levanta um ponto crucial: até que ponto o YouTube e outras plataformas de mídia social estão comprometidas em combater a desinformação climática? A falta de eficácia nas políticas atuais evidencia um desafio significativo na luta contra o negacionismo, que se fortalece na bolha digital. A educação e a transparência nos algoritmos são vitais para garantir que o público receba informações verídicas sobre questões tão importantes como as mudanças climáticas.


Tags

mudanças climáticas, negacionismo, UFRJ, YouTube, aquecimento global, Netlab, Carlos Eduardo Barros, negacionismo climático, algoritmos do YouTube


Créditos da matéria:
Original por Júlia Mendes, 11 de outubro de 2024

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