Brasil Anuncia Nova Meta Climática para 2035: A Promessa que Decepciona
Na última sexta-feira (8), o governo brasileiro revelou a sua nova meta de redução de emissões para 2035, parte da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) no âmbito do Acordo de Paris. Contudo, essa meta não atendeu às expectativas da sociedade civil e de organizações ambientais, que esperavam um compromisso mais alinhado com a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C. A nova meta, apresentada às vésperas da Conferência do Clima da ONU (COP28), coloca em questão a liderança climática que o Brasil almeja assumir, especialmente com a presidência da COP programada para 2025.
Contexto: A Missão de 1,5ºC e o Papel do Brasil
Com a crescente pressão internacional para enfrentar a crise climática, o Brasil assumiu a Missão de 1,5°C, proposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na COP28, nos Emirados Árabes Unidos. A proposta incentiva líderes globais a estabelecerem metas ambiciosas e alcançáveis para a redução de emissões. No entanto, a nova NDC brasileira, segundo especialistas, diverge das expectativas e do compromisso global que o país se comprometeu a defender.
- Meta de emissões para 2035: A proposta apresentada aponta para uma redução de 59% a 67% das emissões em relação aos níveis de 2005, limitando as emissões anuais entre 850 milhões e 1,05 bilhão de toneladas de CO₂ equivalente.
- Desempenho esperado: Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), para que o Brasil contribua de forma justa com a meta de 1,5°C, o país deveria estabelecer um teto de emissões bem inferior, em torno de 200 milhões de toneladas líquidas de CO₂ até 2035.
Críticas das Organizações Ambientais
Organizações como o Observatório do Clima, o Instituto Talanoa e a WWF-Brasil expressaram frustração com a falta de ambição na nova meta. As críticas principais envolvem tanto a escala da redução proposta quanto o formato escolhido para expressá-la, um intervalo de emissões.
Natalie Unterstell, do Instituto Talanoa, pontua: “Metas de emissões em formato de banda são mais comuns em contextos econômicos, como política monetária, mas destoam em metas climáticas, que requerem um comprometimento direto para a redução contínua e intensa das emissões.”
Alexandre Prado, líder em mudanças climáticas da WWF-Brasil, destacou que “o Brasil sempre afirmou querer liderar pelo exemplo. Com essa NDC, estamos longe de representar uma liderança climática inspiradora. Precisamos de metas consistentes com o desmatamento zero e a transição energética justa que o presidente Lula prometeu”.
Impactos e Desafios: Desmatamento e Emissões Setoriais
Um dos fatores centrais na estratégia brasileira para redução de emissões é o combate ao desmatamento. Especialistas apontam que sem um compromisso claro com o desmatamento zero, a meta do país ficará comprometida.
- Emissões líquidas com desmatamento zero: Se o Brasil eliminar o desmatamento ilegal até 2030, conforme compromisso assumido, as emissões líquidas podem ser reduzidas para menos de 650 milhões de toneladas até 2035.
- Setores econômicos e transição energética: A Petrobras, uma das maiores fontes de emissões nacionais, tem papel fundamental na transição energética. A expectativa é que, no próximo planejamento estratégico, sejam apresentadas ações concretas para reduzir as emissões do setor de petróleo e gás.
Comparativo: Como o Brasil Se Encontra em Relação a Outras Nações
País | Meta para 2035 | Alinhamento com 1,5°C | Abordagem para Desmatamento |
---|---|---|---|
Brasil | 850 milhões a 1,05 bilhão ton CO₂ | Desalinhado | Compromisso limitado |
União Europeia | Neutralidade até 2050 | Alinhado | Compromisso total |
Estados Unidos | Redução de 50% até 2030 | Parcialmente alinhado | Monitoramento federal |
China | Neutralidade até 2060 | Moderadamente alinhado | Monitoramento local |
Consequências para o Futuro Climático e Econômico do Brasil
As metas insuficientes do Brasil poderão impactar sua imagem internacional, especialmente considerando que o país será anfitrião da COP em 2025. Sem ações mais robustas, o país poderá perder credibilidade na liderança climática e sofrer sanções comerciais ou financeiras, uma vez que cada vez mais nações e blocos econômicos estão estabelecendo critérios rigorosos para parcerias e comércio com base em compromissos ambientais.
Além disso, as florestas brasileiras são um dos maiores sumidouros de carbono do planeta, o que torna o combate ao desmatamento uma prioridade não apenas para o Brasil, mas para o planeta como um todo. Deixar de lado esse compromisso coloca em risco tanto a biodiversidade como a possibilidade de o Brasil atingir um modelo econômico sustentável.
Conclusão: O Caminho para uma Liderança Climática Coerente
Para que o Brasil possa, de fato, ser uma liderança climática global, será necessário rever sua meta de emissões para 2035, colocando a descarbonização e o desmatamento zero como prioridades absolutas. Apenas com compromissos claros, alinhados com o Acordo de Paris e orientados por uma abordagem ética e sustentável, o Brasil poderá inspirar e liderar outras nações na luta contra a crise climática.
➡️ Quer saber mais sobre o futuro do Brasil no contexto climático? Assine nossa newsletter e fique por dentro das últimas atualizações sobre o tema!
📚 Referências:
- Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC). Climate Change 2021: The Physical Science Basis.
- Observatório do Clima, Instituto Talanoa, WWF-Brasil: análises e declarações públicas.
📜 Direitos Autorais: Este conteúdo é de propriedade de Grandes Inovações Tecnológicas. Proibida a reprodução sem autorização prévia.
🔑 Meta Descrição: Brasil define meta climática para 2035, mas sem compromisso claro com 1,5°C. A crítica de ONGs aponta falta de ambição e desalinhamento global.
Comentários
Postar um comentário