Técnicas Revolucionárias Brasileiras para Remoção de Micro e Nanoplásticos da Água
Introdução
🌊 A poluição plástica chegou ao nível microscópico: partículas de plástico, invisíveis a olho nu, circulam por nossos rios, oceanos e até na água que consumimos. Estudos indicam que essas minúsculas partículas, conhecidas como micro e nanoplásticos, não só prejudicam a fauna aquática como também representam um risco direto para a saúde humana. Recentemente, pesquisadores brasileiros da Universidade de São Paulo (USP) criaram uma solução inovadora para remover esses poluentes de forma eficaz e sustentável. Este avanço não só promete melhorar a qualidade da água, mas também abre portas para a reciclagem desses resíduos plásticos em um ciclo mais sustentável.
A Ameaça dos Micro e Nanoplásticos
🔍 Microplásticos e Nanoplásticos
Os microplásticos (1–5 mm) já se tornaram onipresentes no ambiente. Fragmentos oriundos da degradação de plásticos maiores entram na cadeia alimentar, ameaçando tanto ecossistemas quanto a saúde humana. Mais insidiosos são os nanoplásticos (partículas de até 0,001 mm), que conseguem penetrar barreiras biológicas e se alojar em órgãos vitais. Estudo recente demonstrou que esses poluentes podem até mesmo ser encontrados no cérebro humano, destacando a necessidade urgente de métodos eficientes para eliminá-los.
Além disso, bioplásticos, que deveriam representar uma solução ecológica, também se fragmentam, liberando nanobioplásticos no ambiente. Por serem biocompatíveis, eles interagem de maneira ainda mais direta com nossos organismos, agravando o problema.
O Procedimento de Remoção com Nanopartículas Magnéticas
🔬 Remoção Inovadora e Eficiente
O método desenvolvido pela equipe da USP utiliza nanopartículas magnéticas funcionalizadas com polidopamina, um polímero derivado da dopamina, conhecido por sua incrível capacidade de adesão. Inspirada em moluscos que aderem a superfícies de rochas e conchas, a polidopamina permite que as nanopartículas capturem micro e nanoplásticos com grande eficiência.
Como Funciona:
- Aplicação de Nanopartículas na Água: as nanopartículas com polidopamina são inseridas na água contaminada.
- Adesão dos Plásticos: elas se ligam aos fragmentos plásticos.
- Remoção Magnética: com o uso de um ímã, é possível retirar as partículas plásticas do líquido, limpando-o de maneira prática e eficiente.
💡 Além disso, a equipe introduziu a enzima lipase, que promove a decomposição dos plásticos, especialmente do PET (politereftalato de etileno), em componentes básicos que podem ser reciclados. Essa degradação evita que novos resíduos plásticos sejam gerados, facilitando a reciclagem em materiais de baixo impacto ambiental.
A Importância da Degradação de Plásticos e o Papel dos Bioplásticos
♻️ Reciclagem Sustentável
O uso de lipase é crucial não apenas para remover o plástico, mas também para convertê-lo em substâncias que podem ser reutilizadas. O PET, que está presente em garrafas e embalagens, é transformado em ácido tereftálico e etilenoglicol, ambos produtos recicláveis. Segundo o coordenador do estudo, Henrique Toma, o objetivo vai além da remoção: trata-se de um processo que busca reciclar os plásticos de maneira sustentável.
🚰 Bioplásticos e Água Engarrafada
Embora os bioplásticos sejam produzidos a partir de materiais renováveis, eles também formam partículas que podem interagir diretamente com nossos corpos. A água mineral engarrafada, por exemplo, pode estar mais contaminada por micro e nanoplásticos do que a água tratada devido à ausência de filtragem rigorosa.
Bibliografia
Artigo: Microplastics in the Olfactory Bulb of the Human Brain
Autores: Luís Fernando Amato-Lourenço, Katia Cristina Dantas, Gabriel Ribeiro Júnior, Vitor Ribeiro Paes, Rômulo Augusto Ando, Raul de Oliveira Freitas, Ohanna Maria Menezes M. da Costa, Renata S. Rabelo, Kelly Cristina Soares Bispo, Regiani Carvalho-Oliveira
Revista: JAMA Network Open
Vol.: 7(9)
DOI: 10.1001/jamanetworkopen.2024.40018Artigo: Direct monitoring of the enzymatically sequestering and degrading of PET microplastics using hyperspectral Raman microscopy
Autores: Ana L. C. P. de Brito, João V. Mattioni, Gabriel R. Ramos, Marcelo Nakamura, Henrique E. Toma
Revista: Micron
DOI: 10.1016/j.micron.2024.103722
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