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Oceanos Verdes no Passado da Terra e a Potencial Mudança de Cor no Futuro
Oceanos Verdes no Passado da Terra e a Potencial Mudança de Cor no Futuro
Por Fabiano C. Prometi
Planeta Água, Pálido Ponto Azul. Essas são descrições comuns da Terra vista do espaço, destacando a vasta extensão de oceanos que cobre quase três quartos de sua superfície. No entanto, pesquisas recentes sugerem que nem sempre foi assim. Um estudo notável, conduzido por pesquisadores japoneses e publicado na renomada revista Nature, apresenta evidências convincentes de que, em um passado muito distante, os oceanos da Terra podem ter ostentado uma tonalidade esverdeada.
Essa intrigante hipótese remete às eras Arqueana e Paleoproterozoica, aproximadamente entre 3,8 e 1,8 bilhão de anos atrás. Nesse período primordial, a vida em nosso planeta era predominantemente microscópica e restrita aos ambientes marinhos, enquanto os continentes permaneciam paisagens áridas e rochosas.
A chave para a cor esverdeada dos oceanos nesse éon reside em sua química, fortemente influenciada pela intensa atividade geológica e pela emergência dos primeiros organismos fotossintéticos. O ferro dissolvido, proveniente da dissolução de rochas continentais pela chuva e de vulcões submarinos, era abundante nas águas oceânicas.
O éon Arqueano também marca o surgimento dos primeiros organismos capazes de realizar fotossíntese. Contudo, diferentemente da fotossíntese moderna que utiliza água, esses pioneiros realizavam fotossíntese anaeróbica, empregando ferro em vez de água como fonte de elétrons. Um subproduto crucial desse processo era o oxigênio gasoso. Inicialmente, esse oxigênio reagia prontamente com o abundante ferro dissolvido na água do mar, formando óxidos de ferro que se precipitavam. Essas reações são visíveis no registro geológico na forma das impressionantes formações de ferro em faixas (itabiritos), com suas camadas alternadas de rochas ricas em ferro oxidado e não oxidado, documentando a transição química dos oceanos.
O argumento dos "oceanos verdes" é reforçado pela observação das águas ao redor da ilha japonesa de Iwo Jima, que apresentam uma coloração esverdeada devido à presença de uma forma oxidada de ferro [Fe(III)]. Curiosamente, essas águas abrigam cianobactérias que prosperam nesse ambiente. O estudo na Nature investigou cianobactérias modernas e descobriu que, além da clorofila (o pigmento verde comum), elas possuem ficoeritrobilina (PEB), um pigmento que otimiza a fotossíntese em condições de luz verde. Simulações computacionais indicam que a liberação inicial de oxigênio pela fotossíntese no Arqueano pode ter gerado concentrações suficientes de partículas de ferro oxidado para conferir uma tonalidade verde à superfície da água.
Uma das implicações fascinantes deste estudo é que a detecção de "pálidos pontos verdes" em exoplanetas, vistos do espaço, poderia indicar a presença potencial de vida fotossintética primitiva.
A história da Terra demonstra que a cor dos oceanos não é estática. A mudança dos oceanos verdes para o azul que conhecemos hoje foi um processo gradual, que durou centenas de milhões de anos e marcou a transição para uma Terra com quantidades significativas de oxigênio livre. Essa flexibilidade nos pigmentos fotossintéticos das cianobactérias pode ser uma adaptação evolutiva às oscilações na química e na cor dos oceanos ao longo do tempo geológico.
E o futuro? A cor dos nossos oceanos continua intrinsecamente ligada à sua química e à vida que neles habita. Cenários futuros, influenciados por mudanças climáticas, atividade vulcânica e até mesmo a evolução do nosso próprio Sol, podem potencialmente alterar a coloração dos oceanos novamente. O aumento dos níveis de enxofre poderia, teoricamente, levar a oceanos arroxeados pela proliferação de bactérias sulfurosas. O aumento da concentração de nutrientes, como nitrogênio (muitas vezes associado ao despejo de esgoto), pode favorecer o domínio de algas vermelhas, resultando nas conhecidas "marés vermelhas" em áreas costeiras.
Em escalas de tempo geológicas, a única constante é a mudança. A cor dos nossos oceanos, reflexo da complexa interação entre geologia, química e biologia, certamente continuará a evoluir.
Bibliografia
JOHN, Cédric M. Oceanos da Terra já foram verdes, e podem mudar de cor novamente. The Conversation, 11 abr. 2025. Disponível em: https://theconversation.com/oceanos-da-terra-ja-foram-verdes-e-podem-mudar-de-cor-novamente-254374. Acesso em: 19 abr. 2025.
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