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Sebastião Salgado: O Olhar que Revelou a Humanidade e Salvou a Natureza
Introdução
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior (Aimorés, MG, 1944 – Paris, 2025) foi um fotógrafo documental brasileiro de renome mundial. Formado em Economia (USP e Vanderbilt) com doutorado em Paris (1971), Salgado atuou como economista até a década de 1970, quando decidiu dedicar-se à fotografiasites.usp.brsites.usp.br. Sua carreira como fotojornalista independente o levou a cobrir conflitos e tragédias globais (Guerras na África, etc.), mas ele ganhou destaque sobretudo por suas séries autorais em preto e branco, que documentam injustiças sociais e ambientais. Segundo o O Globo, “Salgado transformou o fotojornalismo”: seus registros de populações marginalizadas – trabalhadores rurais, refugiados, indígenas – cruzaram fronteiras e retrataram realidades muitas vezes invisibilizadasoglobo.globo.com. Seu estilo visual, descrito como “inconfundível”, combinava emoção, lirismo e denúncia social, com domínio de luz natural, alto contraste do preto e branco e composições inspiradasoglobo.globo.com.
Salgado faleceu em 23 de maio de 2025, aos 81 anos, em Paris, notícia essa confirmada pelo Instituto Terra – ONG que ele fundara para recuperação ambientalcbn.globo.com. Em nota oficial seu legado foi sintetizado assim: “Salgado foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado da esposa Lélia, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”cbn.globo.com. Este trabalho acadêmico traça um panorama da trajetória profissional de Salgado, detalha suas principais séries fotográficas – Trabalhadores, Êxodos, Gênesis e Amazônia – e discute seu estilo visual, engajamento social/ambiental, prêmios e legado.
Vida e formação
Nascido em Vila de Conceição do Capim (Aimorés, Minas Gerais) em 1944, Salgado estudou economia entre 1964 e 1967 e fez mestrado na USP e na Vanderbilt University (EUA)sites.usp.br. Em 1971 concluiu o doutorado em Economia pela Universidade de Paris. Após o doutorado, trabalhou em Londres na Organização Internacional do Café, o que o levou a viajar frequentemente pela Áfricasites.usp.br. Essas experiências despertaram seu interesse pela fotografia. Em 1973, renunciou à economia e tornou-se fotojornalista, iniciando colaborações com as agências Sygma (1974–75) e Gamma (1975–79)sites.usp.br. Em 1979 ingressou na cooperativa Magnum Photos, onde atuou até 1994, chegando a exercer a presidência da agência. Ao documentar acontecimentos globais (guerras, crises humanitárias, atentado a Reagan, etc.), Salgado consolidou-se como repórter visual comprometido com causas sociais e humanas.
Trajetória profissional e projetos autorais
Ao mesmo tempo em que trabalhava como fotojornalista, Salgado passou a dedicar-se a projetos autorais de longo fôlego. Nos anos 1980 viajou extensivamente pela América Latina, resultando em seu primeiro livro, Outras Américas (1986), que retratou as populações rurais latino-americanas e a resistência cultural indígenaoglobo.globo.com. Entre 1986 e 1992 desenvolveu a série Trabalhadores: um ensaio fotográfico mundial sobre a crise do trabalho industrial. Em Trabalhadores, Salgado “documentou e discutiu a crise no mundo do trabalho em 26 países”sites.usp.br. Essa coleção, publicada em livro (1996, Workers), reúne cerca de 350 fotografias em preto e branco que capturam homens e mulheres em condições de trabalho extremas – pesca, mineração, agricultura, construção, campos de petróleo etc. – mas sempre “com olhar solidário” e conferindo dignidade às suas vidas cotidianaslivrosdefotografia.orglivrosdefotografia.org.
Em 1994, já estabelecido em Paris com a esposa Lélia, Salgado fundou a agência Amazônia Images para gerir sua produção independente, livre de pressões comerciaisoglobo.globo.com. Nos anos seguintes lançou dois de seus maiores projetos. Êxodos (1993–2000) documentou o deslocamento humano em escala global. Entre 1993 e 1999 ele “voltou sua atenção para o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas”oglobo.globo.com. Durante cerca de seis anos viajou por mais de 40 países para fotografar migrantes, refugiados e retirantes em trânsito, em campos de refugiados, favelas e fronteirasvejario.abril.com.brsites.usp.br. A série resultou no livro Êxodos (2000) e uma mostra itinerante, exibindo a dura realidade da migração contemporânea. Já Gênesis (2004–2013) foi um projeto de natureza: por oito anos Salgado viajou a cerca de 30 países remotos para registrar paisagens virgens e comunidades isoladasgauchazh.clicrbs.com.br. Publicado em 2013, o livro Gênesis revela “a beleza, fragilidade e resiliência de mais de 30 regiões remotas do planeta”oglobo.globo.com – florestas, geleiras, desertos e outros ecossistemas intocados –, mostrando também animais em extinção e povos indígenas que vivem em harmonia com esses ambientes. Em seguida, Amazônia (2012–2020) concentrou-se na maior floresta tropical do mundo. Com 200 fotos em PB, o livro Amazônia (2021) é uma defesa apaixonada da preservação ambiental e dos povos nativos da região amazônica brasileiraoglobo.globo.com. A série foi exibida em grandes instituições (Museu do Amanhã, Philharmonie de Paris, Sesc Pompeia) com trilha sonora de Jean-Michel Jarre, ampliando seu impacto cultural.
Estilo visual
O estilo de Salgado tornou-se imediatamente reconhecível. Em suas imagens predomina o preto e branco de alto contraste e composição equilibrada, geralmente em formato panorâmico ou de grande escala, o que confere um caráter monumental às cenas cotidianasoglobo.globo.comgauchazh.clicrbs.com.br. Esse recurso valoriza detalhes e texturas, enquanto o uso da luz natural reforça o realismo poético do registro. Críticos notam que seu olhar combina emocionalidade e reflexão: há lirismo estético nas composições, mas sem cair na idealização; ao mesmo tempo, há sempre um forte apelo social e denúncia embutidos na imagemoglobo.globo.com. Em entrevista, Salgado comentou que não busca “convencer ninguém” com suas fotos, mas apenas documentar e narrar a realidade observadagauchazh.clicrbs.com.br. A sequência de retratos de trabalhadores curvados na mina de Serra Pelada (1986) e dos índios Yanomami na Amazônia exemplifica essa síntese de beleza formal e compromisso documental.
Engajamento social e ambiental
Desde o início, Salgado usou a fotografia como ferramenta de envolvimento social. Ele deu visibilidade a grupos oprimidos – trabalhadores rurais sem-terra, garimpeiros, refugiados, populações indígenas – mostrando suas condições e histórias com empatiaoglobo.globo.com. Paralelamente ao seu trabalho fotográfico, Salgado tornou-se ativo em causas ambientais. Em 1998, ele e Lélia fundaram o Instituto Terra, uma ONG voltada ao reflorestamento da antiga fazenda da família em Aimorés (MG). Esse projeto buscava recuperar a Mata Atlântica degradada e promover desenvolvimento rural sustentável. O Instituto Terra plantou mais de 3 milhões de árvores e recuperou milhares de nascentes na Bacia do Rio Doceoglobo.globo.com. Em 2009, a área reflorestada foi reconhecida pela UNESCO como Posto Avançado da Reserva da Biosfera da Mata Atlânticaunesco.org. Em 2021 Salgado foi nomeado Embaixador da Boa Vontade da UNICEF, reforçando seu compromisso com questões humanitáriasunesco.orgcbn.globo.com. Seu engajamento traduzia a convicção de que a fotografia pode despertar consciência e inspirar ação na sociedade.
Prêmios e reconhecimentos
A trajetória de Sebastião Salgado foi reconhecida por inúmeras premiações e homenagens nacionais e internacionais. Ele recebeu prêmios internacionais de fotografia humanitária, como o W. Eugene Smith Memorial Award e a Medalha do Centenário da Royal Photographic Societycbn.globo.com, além de dois ICP Infinity Awards (EUA) e o prestigiado Hasselblad Award (2010) pela obra completa. Salgado foi eleito membro honorário de importantes instituições: integra desde 1992 a Academia Americana de Artes e Ciências e, desde 2016, a Academia de Belas-Artes de Paris (Institut de France)cbn.globo.com. No Brasil, recebeu condecorações como a Medalha Inconfidência. Em 2019 ganhou o Prêmio UNESCO/Félix Houphouët-Boigny para a Pesquisa da Paz, em reconhecimento à dimensão ética de seu trabalho. Esses prêmios refletem o impacto de sua visão e a qualidade artística de seus ensaios, colocando-o entre os fotógrafos mais influentes do século XX e XXI.
Legado para a fotografia mundial e o Brasil
O legado de Sebastião Salgado transcende suas imagens icônicas. Ele redefiniu o papel do fotojornalista documental ao mostrar que estética e denúncia social podem coexistir na mesma imagemoglobo.globo.com. Suas séries fotográficas tornaram-se benchmarks da fotografia humanista e inspiraram geração de novos fotógrafos. No Brasil, suas exposições nas principais cidades e museus aproximaram o público dos temas sociais e ambientais, ampliando o debate sobre trabalho, migrações e preservação da natureza. O próprio Instituto Terra, hoje modelo de projeto socioambiental, ilustra como o fotógrafo converteu olhar artístico em ação concreta.
Em síntese, Sebastião Salgado construiu uma carreira pautada pela integridade artística e pelo compromisso humanitário. Como observou o CBN Globo em sua nota de falecimento, “Salgado foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo… Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora”cbn.globo.com. Seu trabalho deixa um legado duradouro: as imagens de Salgado continuarão a revelar realidades esquecidas e a inspirar reflexões sobre solidariedade e sustentabilidade, reforçando seu lugar de destaque tanto na fotografia mundial quanto na história cultural do Brasil.
Referências bibliográficas
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Base de Livros de Fotografia (BDLF) – Trabalhadores: uma arqueologia da era industrial (Companhia das Letras, 1996)livrosdefotografia.orglivrosdefotografia.org.
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Terra – “Espelho da sociedade: veja fotos que marcaram a carreira de Sebastião Salgado” (Matéria de capa, 09/12/2023)terra.com.br.
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O Globo – “Morre Sebastião Salgado, ícone da fotografia mundial, aos 81 anos” (23/05/2025)oglobo.globo.comoglobo.globo.com.
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CBN/Globo – “Relembre prêmios e honrarias da carreira do fotógrafo Sebastião Salgado” (23/05/2025)cbn.globo.comcbn.globo.com.
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Veja Rio – Kamille Viola, “Salgado retrata o drama dos refugiados na série Êxodos” (15/09/2023)vejario.abril.com.br.
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UNESCO – “Sebastião Salgado: um fotógrafo que recuperou o olhar através do amor pela natureza” (site da UNESCO, 09/12/2021)unesco.orgunesco.org.
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Portal Contemporâneo da América Latina e Caribe (USP) – Ivana Jinkings, “Salgado, Sebastião” (biografia, s.d.)sites.usp.brsites.usp.br.
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