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BRICS+ se Consolida como Potência Geopolítica e Desafia Hegemonia Financeira Ocidental
BRICS+ se Consolida como Potência Geopolítica e Desafia Hegemonia Financeira Ocidental
Em um cenário de crescentes tensões globais e desconfiança nas instituições de Bretton Woods, a recente expansão do BRICS sinaliza um movimento tectônico na ordem mundial, impulsionado pelo desejo de uma arquitetura financeira mais inclusiva e multipolar.
Horizontes do Desenvolvimento - Inovação, Política e Justiça Social
Por Fabiano C Prometi Publicado em 25 de junho de 2025
São Paulo - O que começou em 2001 como um acrônimo de mercado, cunhado pelo economista Jim O’Neill para agrupar as economias emergentes mais promissoras (Brasil, Rússia, Índia e China), evoluiu para se tornar uma das mais relevantes alianças geopolíticas do século XXI. Com a inclusão da África do Sul em 2010 e a recente expansão em 2024 para incluir Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, o agora chamado BRICS+ não apenas ganha peso demográfico e econômico, mas se firma como uma força determinada a remodelar a governança global.
A transformação do grupo de um fórum de cooperação econômica para um bloco com ambições políticas claras representa um desafio direto à ordem liberal estabelecida após a Segunda Guerra Mundial, centrada nos Estados Unidos e em instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial.
Gênese e Evolução: De Acrônimo de Mercado a Bloco Político
A trajetória do BRICS é uma de crescente formalização e politização. Inicialmente, o grupo buscava uma reforma das instituições financeiras existentes para garantir maior representatividade e voz aos países do Sul Global. No entanto, diante da lentidão e da resistência a essas mudanças, a estratégia evoluiu para a criação de mecanismos próprios.
A crise financeira de 2008, originada nos países centrais, expôs as vulnerabilidades do sistema e acelerou a busca por alternativas. Conforme aponta o IPEA em seus estudos, a criação de uma arquitetura financeira própria tornou-se o primeiro passo concreto para solidificar a aliança e sinalizar uma mudança na ordem global (IPEA, 2019). O bloco passou de uma agenda puramente reformista para uma de contestação, impulsionada por tensões geopolíticas como a rivalidade China-EUA e o conflito na Ucrânia.
O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB): O Braço Financeiro da Mudança
A principal materialização da ambição do BRICS é o Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), criado na Cúpula de Fortaleza, no Brasil, em 2014, e sediado em Xangai. Com um capital autorizado de 100 bilhões de dólares, o NDB nasceu com o objetivo de financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável nos países membros e em outras economias emergentes.
Sua principal distinção em relação ao FMI e ao Banco Mundial é a ausência de condicionalidades políticas atreladas aos empréstimos, uma crítica recorrente dos países em desenvolvimento às instituições de Bretton Woods. O NDB prioriza o financiamento em moedas locais, o que ajuda a reduzir a dependência do dólar americano e a proteger as economias de flutuações cambiais e da política monetária dos EUA.
Até o início de 2025, o banco já havia aprovado mais de 96 projetos, totalizando cerca de 32,8 bilhões de dólares em investimentos (BRICS, 2025). Sob a presidência da ex-presidente brasileira Dilma Rousseff, o NDB tem buscado ampliar seu alcance, admitindo novos membros como Bangladesh, Egito e Emirados Árabes Unidos, reforçando sua vocação como uma instituição do Sul Global.
(Sugestão de elemento visual: Gráfico comparativo mostrando o capital autorizado do NDB versus o de outros bancos de desenvolvimento regionais e uma tabela com os principais projetos financiados no Brasil).
A Expansão do BRICS+: Pluralidade e Novos Desafios
A expansão do bloco é talvez o sinal mais claro de sua crescente influência. Com os novos membros, o BRICS+ passa a representar:
- Aproximadamente 45% da população mundial.
- Mais de 36% do PIB global por paridade de poder de compra (superando o G7).
- Cerca de 40% da produção mundial de petróleo.
Essa nova configuração aumenta significativamente o peso econômico e político do grupo, especialmente no Oriente Médio, uma região estratégica. A inclusão de grandes produtores de energia como Arábia Saudita, Irã e Emirados Árabes Unidos fortalece a discussão sobre o uso de moedas alternativas ao dólar nas transações de commodities.
Contudo, essa diversidade também traz complexidades. O bloco agora inclui democracias, monarquias absolutistas e teocracias, com interesses geopolíticos por vezes conflitantes, como a rivalidade histórica entre Índia e China, ou entre Irã e Arábia Saudita, cuja reaproximação diplomática é recente e frágil. A gestão dessas divergências internas será o maior desafio para a coesão e eficácia do BRICS+ (Politize!, 2024).
(Sugestão de elemento visual: Mapa-múndi destacando os países do G7 e do BRICS+ antes e depois da expansão).
Análise Crítica: Potência Real ou "Tigre de Papel"?
Apesar do avanço inegável, críticos apontam para as contradições internas como um fator que pode limitar o alcance do bloco. A heterogeneidade política e os conflitos bilaterais entre membros são obstáculos reais. A Índia, por exemplo, mantém uma postura de equilíbrio, participando ativamente do BRICS enquanto aprofunda seus laços de segurança com o Ocidente através do Quad (aliança com EUA, Japão e Austrália).
Outro ponto de ceticismo é a questão da desdolarização. Embora a retórica seja forte e o comércio em moedas locais esteja crescendo, o dólar americano ainda domina o sistema financeiro global, e uma transição para uma nova moeda de reserva internacional é um processo de longo prazo, repleto de desafios técnicos e políticos. A própria China, que defende o uso do yuan, ainda mantém a maior parte de suas vastas reservas em ativos denominados em dólar.
Para analistas, o BRICS é mais um sintoma das mudanças no equilíbrio de poder global do que necessariamente a sua causa principal. Ele representa uma "frente de desalinhamento" e uma plataforma para que países não-ocidentais articulem seus interesses, mas sua capacidade de agir como um bloco unificado e transformador ainda está sendo testada (UNIFOR, 2023).
Conclusão: Horizontes em Disputa e o Futuro da Ordem Global
O BRICS+ consolidou-se como um ator incontornável no cenário internacional. Ele é a manifestação mais visível do surgimento de uma ordem multipolar, onde o poder é mais distribuído e as regras da governança global estão abertas à renegociação. O grupo oferece uma alternativa, tanto em termos de financiamento para o desenvolvimento quanto de plataforma diplomática, para nações que se sentem marginalizadas pelo sistema atual.
O futuro de sua influência dependerá de sua capacidade de superar as contradições internas e transformar seu peso econômico em poder político coeso. Independentemente de seu sucesso final, o BRICS+ já alterou o tabuleiro geopolítico, forçando o Ocidente a reconhecer que o mundo do século XXI não será mais governado pelas mesmas regras e instituições do século XX. A disputa por qual visão de mundo prevalecerá está apenas começando.
Bibliografia
BRICS. Novo Banco de Desenvolvimento (NDB). Governo do Brasil, 2025. Disponível em:
INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA (IPEA). Arquitetura Financeira Conjunta do BRICS: O Novo Banco de Desenvolvimento. Texto para Discussão, n. 2463. Brasília: IPEA, 2019. Disponível em:
POLITIZE!. A expansão do BRICS e seu impacto na geopolítica global. Politize!, 11 jan. 2024. Disponível em:
UNIVERSIDADE DE FORTALEZA (UNIFOR). Entenda o BRICS: Novos países membros e perspectivas para o futuro. Unifor, 04 set. 2023. Disponível em:
Créditos e Direitos Autorais
- Repórter: Fabiano C Prometi
- Editor-Chefe: Fabiano C Prometi
- Publicação: Horizontes do Desenvolvimento - Inovação, Política e Justiça Social
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