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Misturar bebidas não agrava ressaca — e por que esse mito persiste

Misturar bebidas não agrava ressaca — e por que esse mito persiste

02 de dezembro de 2025

Nas conversas de bar, festas ou rodas entre amigos, é quase inevitável ouvir a advertência: “não misture as bebidas, senão a ressaca vai ser pior”. Embora pareça uma sabedoria popular consolidada, a evidência científica não confirma essa afirmação. Ao contrário: tudo indica que → o que realmente importa para a intensidade da ressaca é a quantidade total de álcool consumido, e não a mistura de bebidas diferentes. Super+2niaaa.nih.gov+2

A origem desse mito talvez esteja ligada à percepção subjetiva: quem “mistura” tende a perder a noção da quantidade de álcool ingerida — combinando cerveja, vinho, destilados e coquetéis. Isso favorece episódios de embriaguez mais profunda e ressacas mais fortes. The Times of India+1

Especialistas afirmam que o agente real da ressaca é o etanol, independentemente da bebida, e sua quantidade total. Também influem — de modo complementar — fatores como hidratação, alimentação, velocidade de consumo, sono, e substâncias residuais presentes em algumas bebidas, chamadas “congêneres” (produtos da fermentação ou destilação), que podem agravar sintomas como dor de cabeça ou náusea. Super+2Livestrong+2

Cientificamente, a distinção entre cerveja, vinho, destilados ou coquetéis não altera a forma como o corpo metaboliza o etanol. Diversos estudos — como os mencionados por órgãos de saúde — indicam que a ressaca é proporcional à dose de álcool consumida, à rapidez com que é ingerido e ao histórico individual de saúde, e não à combinação de diferentes bebidas. niaaa.nih.gov+1

Isso não significa que todos os tipos de álcool causem o mesmo grau de ressaca: bebidas mais escuras ou com maior incidência de congêneres (como uísque, bourbon ou vinho tinto) podem aumentar a probabilidade de desconforto no dia seguinte — mesmo se ingeridas isoladamente ou em mistura. Super+2Livestrong+2

Quando o mito persiste, ele exerce um papel social importante: atua como aviso informal, meio de moderação ou regra não escrita para evitar abusos. Em sociedades na qual o consumo excessivo de álcool costuma ocorrer em espaços coletivos — como festas, bares, baladas — essa narrativa acaba funcionando como um elemento cultural de autocontrole. Mas é um controle baseado em crença, não em evidência.

Do ponto de vista da saúde pública e da educação sanitária, o entendimento correto desses mecanismos é relevante: centrar a discussão sobre ressaca no volume ingerido, na hidratação, na alimentação e no ritmo de consumo — e não em mitos — pode ajudar campanhas de prevenção e reduzir riscos associados ao álcool: intoxicação, acidentes, problemas hepáticos, dependência.

Portanto, repensar hábitos de consumo com base em informação crítica e atualizada importa — e desmontar mitos, mais ainda. A crença de que “misturar bebidas piora a ressaca” revela-se, na maioria das vezes, como uma lenda urbana longe do respaldo científico.


Referências

NOGUEIRA, Marcos. ““Misturar bebidas piora a ressaca” e outros 10 mitos sobre alimentos.” Super, 28 nov. 2025. Acessado em 2 dez. 2025. Super
BRUNO VAIANO. “Misturar bebidas alcoólicas piora mesmo a ressaca?” Super, 19 mar. 2024. Acessado em 2 dez. 2025. Super
EDUARDO SZKLARZ. “Mito: Ressaca é pior quando você mistura bebidas.” Super, 25 fev. 2011. Acessado em 2 dez. 2025. Super
NATIONAL INSTITUTE ON ALCOHOL ABUSE AND ALCOHOLISM. Hangover Fact Sheet. Última atualização 2025. Acessado em 2 dez. 2025. niaaa.nih.gov
LIVESTRONG. “Is Mixing Alcohol Bad?” 2019. Acessado em 2 dez. 2025. Livestrong


Créditos
Reportagem de: Repórter Fabiano C. Prometi — editor-chefe: Fabiano C. Prometi

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